terça-feira, 29 de abril de 2014

FELIPE / JOANA X PERFORMER / DESIREÉ

Hoje.
Levanto da cama com um sorriso bom.
Faz meu clima favorito lá fora: frio com sol.
Conferindo as oposições que combinam, como queijo com banana.
Sorrindo.
Estou, cada vez mais, alcançando minha própria autonomia e, hoje, encontrarei outra colega de performance que há tempos não vejo.
Desireé.
Nos conhecemos na época da faculdade do Felipe, por volta da data de minha criação.
Ela, de certa forma, sempre foi minha maior parceira de trocas diversas.
Espero que isto não magoe o Abramo, o João ou a Mari, mas Desireé, assim como eu, possui uma criadora que é grande amiga do Felipe.

JOANA E FELIPE

Somos, assim, uma espécie de espelho artístico para a existência puramente humana e cutucadora de criatividades.
Como se fôssemos o lado direito do cérebro deles aonde as suas correntes de liberdade escoassem.
Faz tempo.
Mais uma sensação corporificadora aqui.
Saudades.
Aniquilo ela hoje.
Pensando que vocês, artistas ou não, projetam, calculam, procuram ter, ao menos, uma mínima previsão de seus futuros atos, falas,ações, atitudes.
Este pode ser um dos principais pontos de distancia e diferencial entre mim e Desireé.

PERFORMER E ABRAMO

DESIREÉ


Sempre que nos encontramos, uma primavera de acontecimentos improváveis e deliciosos, espontaneamente, surgem.
Não temos planos e não queremos ter.
Recebemos o que o mundo nos joga... E performamos.
Verei se compartilho alguns registros de nosso último encontro, no ano passado e, mais à frente, veremos o que o dia irá nos fornecer de ferramentas para brincar hoje.








domingo, 27 de abril de 2014

LIÇÕES PARA PESSOAS E COISAS

Sozinho.
Tenho notado que esta palavra tem um enorme porcentual e potencial de carregar um significado negativo.
Nunca a percebi desta forma.
Creio que deve ser mimo.
Sempre afirmo que trabalho e existo sozinho, mas o Felipe, de certa forma, sempre me acompanha, meus colegas, - o Abramo, principalmente - meus artefatos como meu uniforme, curativos, coturno de confiança, proteções corporais.
Proteções.

Mais uma coisa que aprendi por aqui com vocês.
O Felipe sempre colocou alguns apetrechos para deixar o meu corpo seguro e, algumas vezes, ele se esqueceu desta ação.
Foi quando conheci a dor física.
Neste redemoinho envolvendo a vivência nesta realidade social em que me encontro, e sempre, como já citei, me cerificando que cada vez mais me pareço com gente, caminho sempre em novos conhecimentos.
Creio estar descobrindo uma outra dor.
Não é no corpo em si, no seu lado visualmente perceptível.
Não é epiderme.
É dentro.
Tentei inscrever a carta do Felipe em uma feira-edital de publicações.
O fiz não somente como um presente e surpresa para meu criador mas, também, por querer brincar de inverter nossos papéis.
Eu que o inscrevi, desta vez, e ele que iria se expor no fim das contas.
Não eu.
Recebi a notícia de que a carta dele foi selecionada e, então, senti um calor bom no peito (lá dentro, como eu disse)... E sorri.
Me deu vontade de rir com alguém.
Sozinho.
Resolvi abraçar o Abramo já que ele, sei lá porque, está sempre sorrindo.
Ontem me disfarcei de Felipe e fui na exposição.
Estranho ir como visitante.
Temos que cumprimentar muitas pessoas!
Para minha surpresa, o trabalho do Felipe parece ter sido o único (ou um dos únicos, para mim não faz a menor diferença) que não estava exposto.
De novo uma sensação nova, no mesmo lugar em que se encontrava um calor + sorriso.
Lá dentro.
Esta foi fria, meu sorriso sumiu e ainda notei uma queimação esquisita, também por dentro só que mais embaixo, perto do estômago e hoje, novamente dentro, minha cabeça dói.
Solitário.
Esta sim parece ser uma palavra que define melhor o que apontei no início deste desabafo.
Lembrei da última frase do Felipe, dedicando suas verdades para aqueles que não desistiram dele.
Parece que desistiram ontem.
O esqueceram.
Espero que ele não se chateie com isso.
Eu queria fazer um presente.
Não foi culpa minha... Mas falhei.
Comigo o Felipe nunca falha.
Droga.
Revisito um momento com o Abramo logo antes de minha viagem.
Hoje, parece que só há nós dois aqui.
LIÇÕES PARA PESSOAS E COISAS.
LIÇÕES PARA PESSOAS E COISAS

quarta-feira, 23 de abril de 2014


ÀQUELES QUE DESISTIRAM ANTES DE MIM

Mais uma vez afirmando uma colocação sendo que, desta vez, já estou assumindo e aceitando suas características: Me sentindo cada vez mais próximo da natureza de vocês.
Sempre digo que é difícil, - e ainda creio nesta afirmação - mas venho percebendo algumas delícias de ser gente.
Tirei o dia para ver meus desenhos como um possível espelho: Registrar esboços e projetos (no sentido torto da palavra já que os desenho após já ter realizado as ações por mim propostas) procurando me reconhecer neles.
Como citado no início de meus relatos, esta atitude de me desenhar surgiu pela necessidade, não minha, mas do Felipe, de me manter e firmar como um personagem.
Não sou mais.
Estou aqui.
Porém, não sei explicar o motivo com precisão ainda, sinto a necessidade de continuar me desenhando.
Compreendendo agora algumas noções de materiais e símbolos, como o fato de termos a certeza que nunca, jamais, poderemos nos ver como os outros nos veem.
Pensando que cada um de vocês encontraram formas únicas de estar em constante registro no mundo.
Muitas, inclusive, bem parecidas e comuns como ter a própria assinatura, o seu visto, sua forma predileta de cozinhar ovos, lado preferido da cama, açúcar ou adoçante, coisas assim.
Pensando em fazer um inventário sobre mim mesmo, pois nunca tirei uma pausa para refletir sobre minhas preferências, caso elas existam.
Na verdade, nunca refleti antes.
O Felipe fez uma lista destes aspectos sobre ele mesmo em uma época não muito distante.
Eu tenho acesso a esta lista e ela me causa alguns medos.
Primeiramente pelo fato de que mesmo sendo imensa, ela ainda deixa um tom, um rastro que me deixa claro que será infinita.
Depois, por perceber que a minha, como principiante em socialização e personificação, corre o risco de ser muito curta.
Mas e se for?
 Mania de vocês de sempre estar em uma competição, mesmo que não de forma muito consciente ou proposital, me contaminando.
Por fim, refleti muito sobre o título que o Felipe deu: ÀQUELES QUE DESISTIRAM ANTES DE MIM.
A lista dele é feita com letras minúsculas, causando uma enorme dificuldade de leitura, terminando com a frase de seu título.
Espero que o Felipe leia isto, pois quero que saiba que eu a li inteira e não desisti dele.
Espero que ele não desista de mim.
Eu me esforço.
Vou compartilhar a lista dele e encerro minhas reflexões de hoje afirmando uma coisa:
Já percebi que você, leitor, espectador, observador - como queira chamar - de meus atos, é, provavelmente, uma das pessoas mais importantes para mim.
Preciso de você para dar sentido à minha existência.
Espero que não desista de mim.
Lhe asseguro uma coisa, porém.
Eu jamais vou desistir de você.
Àqueles que desistiram antes de mim.
O Performer.

terça-feira, 22 de abril de 2014


BRINCADEIRA DO SÉRIO

Ainda preso, em corpo e pensamento, sobre universos infantis.
No meio de trabalho em que o Felipe se insere, já me cansei um pouco de escutar a palavra lúdico.
Assim como muitas coisas no mundo de vocês, é um termo que, sem dúvida, é válido mas, com uma certa pretensão adquirida (coisa que já percebi muito em campos universitários ou, ao menos, naquele em que o Felipe estudou e me criou), pode vir a ser uma colocação gratuita ou, até mesmo, sem coerência.
Bom, assumindo um risco, afirmo: Me sentindo lúdico estes dias.
Visitei um aniversário em um buffet infantil.
Difícil me enquadrar e tentar parecer "normal" por ali.
Aparentemente, ao mesmo tempo em que tudo o que eu queria fazer era participar das coisas saudáveis, parecia que as chatas e socialmente reverentes eram as únicas em que eu poderia, deveria, atuar.
Atuar sim, pois duvido que aquela performance toda, mesmo não ensaiada, tenha sido realizada com extrema naturalidade e boa vontade por todos.
Eu queria ir nos brinquedos.
Eu queria o algodão doce cor-de-rosa e perguntar se o moço não poderia me fazer um preto (idéias...).
Queria saber o que é aquele fliperama em que todos os garotos passam horas apertando botões sem se cansar nem sair do lugar.
Ir na piscina de bolas (qualquer um ao ver algo assim pela primeira vez tem que ter o assassinato de sua curiosidade de experimentar, creio).
E, então, como já percebi em muitas situações e diálogos por aqui, depois de uma grande carga positiva, quase sempre encaixam um porém no meio e rumo à conclusão dos momentos.
Tive que me conter com as comidinhas minúsculas com nomes e ingredientes que desconheço, bebidas com gostos estranhos e, pelo que notei, um tanto alucinógenas.
Micro chocolates em forma de bichinhos.
Conversas desinteressantes nas quais, não sei bem como, todos mantinham seus sorrisos.
Performam e não sabem... Já disse.
Volto para minha residência e tenho saudades imediatas, recheadas de curiosidades fantasmagóricas.
Estranho sentir falta daquilo que não se experimenta.
Mas outros fizeram isso por mim e eu assisti.
Senti a situação através do corpo do outro.
Performaram e eu fui espectador.
Fiquei do outro lado... E gostei.
Aprendi, observando, como se brinca do sério.
Dois se encaram e o primeiro a rir, perde.
Qual a graça no rosto dos outros?
Vejo tanto mistério, galáxias a se descobrir.
Observaria um por horas a fio, assim como o Abramo, meu caro ursinho e colega, me observa diariamente.
Você nos observaria?
Nos penetraria e nos deixaria lhe penetrar?
Vai saber.
Surpresas podem acontecer.
Entre ficar sério e rir, talvez possamos descobrir outros sentimentos possíveis.
Brincadeira do sério.
BRINCADEIRA DO SÉRIO

quarta-feira, 16 de abril de 2014


D.R.

Ando vendo casais e mais casais por aqui.
Neste local de trabalho exite um cinema no segundo andar, ao lado de uma cafeteria.
Pedi um suco de laranja, me sentei só e observei.
Lembrei de meu criador.
O Felipe já teve e terminou alguns relacionamentos.
Eu acompanhei este processo.
Não sei a sensação que esta situação pode causar no corpo e na mente de vocês, mas já me assustei com algumas reações do Felipe.
Do mais apático ao dramático, a coisa parece ser intensa em todas as cores possíveis de se manifestar.
Mas, colocando uma lupa em outras pessoas, me parece ser um tanto a mesma coisa sempre.
Vocês, pessoas, performam o tempo todo e não sabem disso.
Não percebem.
Sempre repetindo uma série de espetáculos que, somente pela similaridade com os shows alheios, passam desapercebidos pelos seus próprios olhos.
Um ego que carregam...
Tento reencenar.
D.R.
D.R.


segunda-feira, 14 de abril de 2014


ARMADILHA PARA COELHOS

Momento de Páscoa.
Fui em um aniversário nestes dias.
Vocês possuem comemorações demais e, com elas, coisas simbólicas que, pelo o que ando percebendo, parecem ser obrigatórias.
Ritualísticas.
Performáticas.
Já percebi isto em outras ocasiões.
Encontros para dar fraldas.
Encontros para dar utensílios domésticos para jovens querendo sua independência de moradia.
Encontros para comer bolos com velas e palmas e as mesmas músicas todos os anos.
Encontros para se fantasiar e pedir doces.
Encontros para se fantasiar, beber e transar.
Encontros de ceias, entidades falsas, mágicas e eternas, com ceias e árvores com bolas.
Encontros com fogos e contagem regressiva.
Encontros para mulheres se vestirem de branco e ganhar anéis dourados.
Encontros para crianças.
Encontros para pais.
Encontros para mães.
Encontros para gays.
Tantos.
Encontros.
Agora percebendo que é época de encontros sobre coelhos, ovos e chocolate.
Páscoa...
Fui pesquisar.
Cristãos celebrando a ressurreição de Jesus Cristo, sexta feira santa sem carne e outras coisas.
Depois fui tentar encontrar motivos para ovos e coelhos.
Encontrei informações sobre antigos rituais pagãos, nos quais pintavam ovos com runas e que as lebres tinham a capacidade de prever o futuro e , também, que estes dois símbolos lidam com questões de fertilidade.
...
O ser humano tem uma capacidade admirável de ir longe em suas invenções e crenças.
Momentos estes em que me sinto muito ingênuo de me considerar criativo.
Como estou sozinho, resolvi tirar um momento para brincar essa tal de Páscoa ao meu gosto.
No museu em que havia visitado, tinha um matagal vasto, bem em frente.
Resolvi me esconder atrás de uma moita e tentar caçar um coelho usando uma cenoura.
No que me entendo como Performer, eles preferem o legume do que o chocolate.
Armadilha para coelhos.
ARMADILHA PARA COELHOS

domingo, 13 de abril de 2014


O NASCIMENTO DE RODIN

Hoje visitei um museu histórico que fica em frente de um rio.
Uma coisa bonita em frente da outra.
Acho que se apaixonaram.
Senti o beijo.
Saí para caminhar.
Muitas crianças na piscina inflável no quintal do museu.
Alegria espontânea.
O Felipe me disse que nós (vocês) crescem e perdem isso.
Que estranho perder algo que está no corpo.
Dentro.
Bom, eu fui criado para trabalhar e não conheço esta transição.
Invejei as crianças e roubei um banquinho delas.
Parei para pensar...
...E ter a infância que não tive e desconheço a natureza.
Chupei meu dedão e refleti.
O nascimento de Rodin.
O NASCIMENTO DE RODIN

quarta-feira, 9 de abril de 2014


SORTE OU REVÉS

Hoje passeio pela FUNDAJ e um lindo gatinho preto cruza o meu caminho.
O Felipe me disse que essa história de azar é mito.
As bruxas tinham gatos pretos por acreditarem que eles espantavam coisas ruins.
Os não bruxos, não "diferentes", que ditaram a negatividade romântica e falsa da história.
Agora com vontade de ser bruxa e atravessar o caminho dele para ver se crio sorte para nós dois.
Não penso só em mim mesmo sempre...
Devo fazer algo sobre esta situação.
Sorte ou Revés.
SORTE OU REVÉS

terça-feira, 8 de abril de 2014


JOÃO SEM MARIA

Algumas performances realizadas.
Acho que o Felipe ficará feliz.
Hoje parece ser dia de carnaval por aqui.
Vou tentar explorar melhor isso.
Já me perdi por estas ruas.
Mas, também, já me encontrei.
Melhor marcar meus passos com mais cautela.
Como João e Maria.
Aprendi muito sobre contos de fada com o Felipe.
Ele adora.
Agora pensando em o que fazer com isso.
Poderia interpretar um João... Mas não tenho Maria.
Sozinho, de novo.
João sem Maria.
JOÃO SEM MARIA

SEM COTURNO

Dia de descobrir a praia.
Uma pausa de me lançar em pisos de concreto ou de estúdios de dança e galerias.
Descobrindo a areia hoje.
Tirei meu coturno.
SEM COTURNO

segunda-feira, 7 de abril de 2014


DIA ESTRELADO

Hoje é mais um dia de muita carne.
Estão me transformando em um predador carnívoro.
Minha função sempre foi ser assim mesmo: Ser orientado por outros.
Então, que assim seja.
Como já disse: É difícil ser gente.
Acho que por isso Felipe me criou.
Sozinho não deu conta.
Agora eu tenho que dar.
Sempre dei.
Vou dar.
Noites de lazer, manhãs de sol.
Um grande calor que não desagrada devido à paisagem e companhias.
Falei com a simpática Bruna Pedrosa hoje.
Parece que ela vai me emprestar um vestido para performar com minha colega Mari.
Eu e Mari temos os mesmos olhos azuis.

Somos fofos.
Eu acho.
Mas, somente juntos.
Já notei que me consideram muito sério.
Enfim.
Ando sentindo falta de ver estrelas por aqui.
O sol e o dia estão carregando um poder muito maior.
Coisa nada chocante para o que eu esperava de Recife.
Mas, com este céu limpo assim durante a noite, aonde estão os pontinhos brilhantes?
Sentindo necessidade de criar estrelas pela manhã.
Dia estrelado.
DIA ESTRELADO

domingo, 6 de abril de 2014

COLEGAS

JOÃO

MARI

ABRAMO





AINDA AQUI

Sono...
Mas com vento gostoso de varanda.
Estou aqui por 3 dias e já sinto saudades de alguns colegas performers.
Aonde está João?
Aonde está Mari?
Aonde está Abramo?
Saudades.
Eles estão aqui em recife também.
Eu sinto isso.
E vou encontrar todos.
Eu vou.
Fui criado com a responsabilidade de comprometimento.
Se devo fazer... Faço.
Viu!
Hoje encontrei a Mari.
Tomamos banho juntos.
Em breve sei que encontrarei os outros dois.
Coisa de grande responsabilidade, parece. Já ouvi o Felipe dizendo que a Mari e o Abramo são parentes de Marina Abramovic.
Honra de ser colega...
Hoje estava refletindo sobre minha criação.
Eu me lembro, claramente, em 2005, de ter sido criado para atuar pela primeira vez.
O Felipe ainda queria que eu utilizasse roupas brancas, que me vendasse e não assistisse o que eu estava fazendo.
AINDA AQUI, 2005
Ele ainda era inexperiente e eu também.
Agora que tenho a total responsabilidade pelo o que farei, pensei em fazer uma homenagem ao Felipe, refazendo a nossa primeira performance.
Agora, ao meu ver.
Ainda aqui.
AINDA AQUI

PARA SEMPRE PERSONAGEM

Não devo deixar de desenhar o que faço e, mesmo estando aqui, continuar me mantendo personagem. O Felipe sempre fazia isso por mim.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

O DESEJO DE TENTAR

Agora aprendendo a usar o skype. O Felipe tem preguiça. Eu não.
Ontem resolvi comer sushi. Parece uma coisa estranha aqui em Recife.
Deda, outra pessoa, trabalhadora doméstica e companhia minha por aqui.
Convivemos.
E que batata frita boa.
Pensando em frases...
Mas não vou compartilhar.
Droga...
Já escrevi duas.
Droga... Já escrevi cinco e com essa, seis.
Agora estou no departamento de artes.
Esperando e pensando em como esclarecer qualquer dúvida sobre o que farei.
É complexo pensar o imprevisto.
Residências...
A última em que o Felipe me levou foi em São Paulo, aonde ele já mora.
Eu fui ferramente e, agora, sou produto.
Difícil virar gente.
A madalena me falou que há uma feria regional por aqui e que lá vendem peneiras interessantes.
Acho que preciso tapar este sol imenso daqui com uma peneira.
Já começo com a certeza de um fracasso.
Mas o Felipe me ensinou que a poesias das coisas impossíveis de serem feitas, é o saber que, ao menos, eu tive a coragem e o desejo de tentar.

O DESEJO DE TENTAR

RECIFE

O Marconi, Márcio, Ronaldo, Arlindo, Madalena, mar, rio, pessoas ótimas.
O Felipe, meu criador, me trouxe para Recife.
Já me sinto regional. Como esse povo come!
O Felipe não me educou assim.
Nova educação...
Ele sempre me instruiu a realizar as idéias dele.
Agora sou só. Só eu. Fazer o que quiser.
Mas é estranho. Eu acho que ele está aqui.
Hoje ainda não almocei, mas já sei que será rosbife.
A Madalena, que me acolheu, parece não ter percebido que estou por aqui.
É sempre sobre o Felipe.
Mas tudo bem. Sempre foi assim.
Mas vou mudar isso.
Foco em mim.
O performer.

SER PERFORMER

Não sou como você. Não sou como artistas que performam. Não sou ferramenta de uma linguagem utilizada por algum produtor. Performar não é minha profissão, dever de casa, estratégia expositiva ou meio de expressão. É simplesmente a única coisa que sei fazer. O Felipe me criou somente para isso.
Então, quando performo, estou apenas vivendo. Ao contrário da sua vida, que provavelmente deve ser fracionada em multifaces de emoções, humores e situações diversas e humanas, a minha só possui duas: Performar ou esperar pela próxima performance.
Prazer,
O Performer.