segunda-feira, 11 de julho de 2016

PARA CALVINO

Um amigo meu uma vez me contou sobre uma cidade onde todos os moradores eram inquietos com relação a tudo. Eu os entendi como cismados. Um cortou o pênis, outro resolveu levar um tiro no próprio braço, outro se jogou da janela... Teve, também, um casal que não decidia entre se divorciar ou criar um ritual espetacular e nem queira saber quantos inserem ou retiram coisas e/ou pessoas de todos os seus orifícios corporais. Alguns – a grande maioria – afirmaram estes comportamentos como profissão e encararam uma vida humilde, motivados por suas neuroses (cismados...). Não posso me esquecer de uma velha que gosta de fazer cirurgias plásticas para ficar mais estranha ainda nem de um pintor que gosta de brincar com catchup, sexo, coisas nojentas e bonecos de Pinóquio. Outro habitante esculpiu sua cabeça com seu próprio sangue e há uma donzela que prefere suas pérolas costuradas em sua pele. Existem milhares que adoram se pendurar por ganchos e ficar balançando em paz, meninos que são meninas que são meninos que são meninas, há um bem famoso que acha que é Jesus Cristo e adora um fusquinha, vários que não comem, bebem, falam, enfim, se privam muito atrás de promover liberdades. Esta cidade é famosa carrega grandes contradições. O amigo que me contou esta história, o Ítalo, já escreveu sobre várias outras cidades estranhas e esta ele me disse que preferiu manter em particular e para poucos. A cidade é generosa por lhe fornecer total liberdade expressiva com duas condições, porém, que acabam delimitando certas entradas e saídas: É necessário registrar tudo e ser profissional, na melhor forma que você conceber estes termos.

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