quinta-feira, 30 de julho de 2015

PALHAÇO EM GRATIDÃO

Preguiça logo de início...
Este mês o Felipe me chamou pra tentar desistir de ser palhaço em público novamente. Continua fazendo parte da minha falta de astúcia simplesmente fazer o que ele manda. Medo meu de cair em uma nova decepção. Já prometi ao Felipe que eu nunca falho e, então, resolvi me proporcionar a esquiva dos ressentimentos de minha última tentativa de trabalho.
Galeria Mezanino.
Espaço abençoado para conhecer mais colegas de trabalho (o Abramo está de férias). Faz tempo que não me apresento em um local em que o único aroma predominante no espaço, nas pessoas, trocas e encontros, são parte da minha natureza.
Gosto de habitats.
Quase-cubo-branco, pedalo ao lado de costureiros mascarados e percebo que não sou o único que possui uniforme de trabalho. Dividimos a mesma cena construída por duas diferentes e acabamos respirando juntos um mesmo ritmo com outros objetivos. Ou o mesmo. Performamos.
Na galeria deixo de ser palhaço, enxugo o rosto, perco sorrisos falsos e reforçados percebendo a inutilidade que vocês humanos possuem na persistência de se acoplarem em máscaras.
Depois que se percebe o prazer de perde-las só resta um pensamento: se houver algum sorriso após a performance, este, sem dúvida é real e a responsabilidade e linda culpa disto é sua, público.
E continuo sorrindo sem maquiagem alguma até agora.

Um comentário:

  1. Foi inusitado e interessante no espaço quase cubo branco da Galeria acontecer os que bordam e o que pedala, todos de uniforme, em performance.
    Na duração da pedalada, uma hora e quarenta no tempo cronos, sem duvidar na velocidade o Felipe com foco muito definido e decidido abria outras durações para o tempo. Parecia durar mais enquanto acontecia e depois que terminou parecia que tinha sido rapidíssimo. Houve ali algo como uma alteração da percepção do tempo-espaço, uma sensação que surgia dos fazeres simultâneos: os que estavam bordando desde o começo da semana e ali ficariam até sexta feira, sendo aquela uma hora e quarenta uma pequena fração desta duração. e aí vem o Felipe que sobe na bicicletinha preta com mascara, um palhaço risonho e irônico, altera a duração do tempo naquele espaço, imprimi no fazer muita energia em altíssimo tônus até derreter. Para o observador ficou a experiência de uma duração preenchida de sentido sem palavra que defina.

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