segunda-feira, 12 de maio de 2014

NEGANDO O JARDIM DE ARTAUD

Morte enquanto se fala de vida.
Assisti um documentário hoje, coisa que percebi ser uma difícil escolha de programação dos outros sendo, inclusive, a última que tivemos por aqui ontem por, supostamente, não haver mais nada melhor para ver.
Poderíamos nos hidratar de nós mesmos e conversar, mas também já notei que isso nem sempre é bem vindo quando as pessoas não são, de fato, amigas.
Colegas, talvez.
Conhecidos...
Nomes que vocês dão pra quem não sabem nomear.
O documentário era sobre celebridades que se assumiram homossexuais na mídia, como foi este percurso e a repercussão dele.
Falava, também, do retorno que os preconceitos causavam no comportamento de alguns mais jovens, incluindo uma série de suicídios e outras auto-mutilações que a voz social conseguiu imprimir, em formato físico e agressivo, por uma simples falta de aceitação de uma diferença.
Meu criador, gay, me concebeu alguns anos depois de se posicionar no mundo.
Sobre sexualidade, nunca pensei sobre mim.
Pensei, então, nas limitações estabelecidas pelas coisas.
Nunca fui muito sensível para perceber como que vocês são capazes de irem tão além com o corpo por pertubações instauradas no interior de seus crânios.
Como o Felipe sempre jorrou todas as dores dele para que eu expurgasse em público, achei que era essa a função dos performers e não das pessoas.
Talvez por isso sempre considero vocês todos performers.
Agora notando melhor que vocês são pessoas sim.
E das simples.
Das boas: Vocês sentem e se expõe a ponto de eliminar a própria existência, egoistamente, a prol de enviar uma mensagem ou de se limitar a ser fraco e descobrir novas naturezas para lidar.
Nobres.
Sou mais um fracote, então, querendo imitar o que todos vocês fazem o tempo todo com a diferença de tentar colocar algum rigor?
Pelo meu ofício?
Pelo bem estar e satisfação do Felipe?
Achando que isso poderia ser maluquice...
Pode simplesmente ser uma variação de humor.
Já sei que vocês tem várias (até me contaram daquela TPM, que vocês com vagina possuem e os que não tem gostariam de ter para justificar algumas atitudes).
Nesta confusão, devo admitir um alívio no que ando apontando constantemente sobre estar me contaminando e cada vez mais ter comportamentos parecidos com os de vocês.
Entendendo melhor que deixar de lado uma autenticidade criada para mim e que eu recriei para procurar uma personalidade, pode ser um benefício caso eu me permita a misturar mais minhas cores com as de vocês, mesmo que vocês não tenham consciência do presente que me dão por existirem e serem sinceros.
Hoje amanheço com um comentário macio que me diz achar poesia e gostar de ver alguém que nega um jardim.
Possível que eu estivesse assim.
Possível que eu ainda esteja.
Possível sair.
Possível ficar.
Negando o jardim de Artaud.
NEGANDO O JARDIM DE ARTAUD

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